Contracultura no Brasil

A cultura jovem brasileira dos anos 50 sofreu uma influencia direta dos Estados Unidos, pois nessa época o Brasil havia entrado na onda da industrialização permitindo, com a política desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek, que a cultura estrangeira se incorporasse à cultura nacional, propiciando o surgimento de novos movimentos como a bossa nova. O rock’n’roll também chegou ao Brasil através do cinema e seus sucessos foram regravados por cantores e cantoras brasileiras.

Foi somente a partir dos anos 60 que a juventude se mostrou mais engajada e politizada. A guerra do Vietnã e os movimentos negros motivaram os jovens a lutar pela transformação da sociedade. Esse quadro político e social propiciou o aparecimento da canção de protesto, mas, ao mesmo tempo houve a ascensão do rock britânico através de bandas como os Beatles e os Rolling Stones.

Na segunda metade dos anos 60, houve uma radicalização dos movimentos jovens, foi um período marcado pela contracultura, fenômeno no qual o jovem passava a se conduzir de forma contrária os valores estabelecidos pela sociedade. Os movimentos de contracultura, como por exemplo o hippie, nasceram do desejo de uma felicidade individual, simples, distante da sociedade de consumo e do moralismo. Daí veio o culto à paz, harmonia, o amor livre o misticismo e o uso de drogas como o LSD.

A contestação dos movimentos de contracultura culminou com a radicalização dos movimentos estudantis a partir do maio de 68 na França, que não estava vinculado a nenhuma ideologia específica, mas apregoava o direito de cada um de pensar e se expressar livremente.

No final da década de 60, os movimentos de contracultura se fragmentaram, sendo que alguns desses fragmentos foram assimilados pela indústria cultural.

No Brasil, a década de 60 foi marcada por uma profunda agitação política e diversas correntes culturais. Havia a cultura engajada dos Centros Populares de Cultura que continha uma intensa militância política na qual uma parte do movimento da bossa nova evoluiu para as canções de protesto com o objetivo de conscientizar as classes populares. Por outro lado, havia a cultura de consumo, representada pela Jovem Guarda e baseada na cultura do rock cujos maiores representantes eram Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléia. No meio do caminho entre essas duas correntes surgiu o Tropicalismo, movimento liderado por Caetano Veloso, Gilberto Gil e inspirado no antropofagismo das vanguardas modernistas brasileiras dos anos 20. Por não se encaixar nem nos padrões estéticos da cultura engajada esquerdista nem no padrão de consumo industrial, o Tropicalismo teve curta duração.

Quando falamos do movimento de contracultura no Brasil, não podemos esquecer de grandes nomes como Raul Seixas e Paulo Coelho, dois artistas intelectualizados, adotaram gestos e gírias contraculturais, lançaram um manifesto, e começaram a fazer sucesso com músicas e alguns textos em que narravam experiências, atitudes e indagações que marcaram o período, especialmente a transformação de valores que o fim da década de 60 assistiu, quem não se lembra da sociedade alternativa.

Já o cinema brasileiro desse período fez muito sucesso, inclusive internacional. O Cinema Novo sofreu influência da Nouvelle Vague francesa e se desenvolveu graças ao ambiente favorável da cultura engajada, promovendo uma visão crítica da situação política e social do Brasil. Após o golpe militar de 64, o Cinema Novo passou a refletir sobre o papel da própria esquerda, focalizando a classe média urbana.

Nos anos 70, com a assimilação da contracultura, a cultura jovem se dividiu e se sofisticou com o rock progressivo, o heavy metal e a discothèque. Reagindo a essa tendência, surgiu o movimento punk, vinculado à juventude proletária das grandes cidades, que iria reciclar o rock, tocando-o de forma menos sofisticada. Os punks organizaram seus grupos musicais que eram contra o sistema industrial, vinculando-se a gravadoras independentes.

Como reflexo da onda hippie dos anos 60, o movimento de contracultura no Brasil surgiu na década de 70, em um momento de intensa repressão pela ditadura militar. Era um movimento híbrido de contestação que misturava elementos da contracultura hippie com a cultura popular brasileira. Esse movimento era denominado de “cultura marginal” e foi difundida através de publicações alternativas com Pasquim, Bondinho, Rolling Stone entre outras.

Na área cinematográfica, iniciou-se a produção de um cinema “marginal” que procurava revolucionar a linguagem através de um discurso fragmentado incorporando elementos de kich e absurdos.

Nos aos 80, a cultura jovem passou a envolver movimentos pacifistas e ecologistas ao redor do mundo, denunciando os problemas envolvendo os países de terceiro mundo e o meio ambiente. Em contrapartida os avanços tecnológicos passaram a influenciar a música (pós-punk, hardcore trash metal, tecnopop entre outros) e o cinema (efeitos especiais). A formação de entidades ecológicas também envolveu a juventude brasileira, que inclusive participou do movimento das Diretas Já, lutando pelo processo de redemocratização. Na música, o rock nacional ganhou espaço tanto por meio de gravadoras quanto nos selos independentes.

A cultura jovem dos anos 90 foi influenciada pela globalização, pelo avanço representado pela internet e foi marcada por grupos como cyberpunks e movimentos como o grunge. No Brasil, a juventude participou ativamente do movimento dos caras-pintadas pelo impeachment do presidente Collor. Foi também a época da expansão do hip hop e o surgimento do mangue beat.

Os movimentos culturais da juventude se apresentaram ao longo da história das mais diversas formas e linguagens, porém, de um modo geral, mantinham um objetivo comum e universal, de romper com antigos costumes e imposições sociais, provocando discussão sobre assuntos considerados tabus e buscando a renovação e transformação da sociedade.


A cultura hippie nasceu do desejo de uma felicidade individual, simples, distante da sociedade de consumo e do moralismo.








A bossa nova evoluiu para as canções de protesto com o objetivo de conscientizar as classes populares.







O movimento hip hop brasileiro tomou para si diversos traços de natureza contracultural.






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8 comentários:

  1. EU ACHEI MUITO LEGAL ESSSA HISTORIA POR QUE E MUITO LEGAL EU GOSTEI MUITO LINDO DE MAIS

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. alguem sabe dizer se é veredito ? 1970 que veio pro brasil ?

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  4. Excelente. E um dos poucos a tratar do assunto. Este período tem muitas zonas cinzas. Seria ótimo poder conversar mais sobre o assunto. Afinal a bipolaridade, se revelou, nossa herança, e com muitas dívidas.

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  5. Lindo mas, ainda não acabou... a contracultura deve ser revivida até tornar assunto em todos os lugares.

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